
Na semana em que o Governo anunciou a saída limpa do programa de ajustamento e o aumento de impostos inscrito no documento de estratégia orçamental (DEO), António José Seguro sai ao ataque: "Apesar da boa notícia da saída, o país está pior, no caminho errado e precisa de mudar de rumo".
"A resposta mais fácil é prometer tudo a toda a gente. Mas disso os portugueses estão completamente fartos"
Seguro promete que fará melhor e que consigo a austeridade é para acabar: "O que posso garantir é que não haverá aumento da carga fiscal". Mas não se compromete com uma baixa porque não sabe em que estado irá "receber o país" – a desculpa usada por todos os últimos primeiros-ministros, como o célebre "desvio colossal" de Passos Coelho que acabou a justificar o "enorme aumento de impostos".
A outra promessa deixada na entrevista diz respeito à função pública: "Não haverá nenhum programa de despedimentos".
Europeias: Seguro não teme divergências
A entrevista, que é publicada na íntegra este sábado no Expresso e com transmissão, também no sábado, na SIC Notícias, passou também pelas eleições Europeias de 25 de maio.
O líder socialista, que tem como cabeça de lista Francisco Assis, afirma que estas eleições são uma "oportunidade para os portugueses castigarem o Governo".
"Mal seria que os portugueses desperdiçassem esta oportunidade de castigar o Governo"
Seguro recusa a ideia de estar isolado naquilo que defende para a Europa e desvaloriza o facto do candidato socialista à presidência da Comissão Europeia, Martin Schulz, já se ter distanciado de algumas propostas do PS (mutualização da dívida e comparticipação no subsídio de desemprego): "Qual é o problema de haver divergências? Eu defendo o que é melhor para o meu país".
Quanto aos resultados, o líder PS só diz que quer "ganhar", mas não se compromete com objetivos concretos.
A sua maior preocupação é a abstenção, que é tradicionalmente elevada em Europeias: em 2009 atingiu os 60% e, se o cenário se repetir, o PS será seguramente um dos mais afetados.
Seguro precisa dos votos como de pão para a boca mas recusa que a sua liderança esteja dependente de um bom resultado eleitoral: “esta eleição não tem a ver comigo”.
Questionado se as suas escolhas para candidatos refletem uma preocupação com a unidade interna (visível na inclusão de Assis como cabeça lista ou Pedro Silva Pereira, ex-número dois de José Sócrates, em sétimo lugar), o líder do PS nega essa leitura. Garante que não fez as escolhas “a olhar para dentro” e que o “PS está de boa saúde e recomenda-se”.
Nesta entrevista, volta a defender que o PS deve ter uma palavra a dizer na escolha do próximo comissário europeu apesar de não estar no Governo. Nos últimos dias começou a circular o nome de António Costa (quem sabe lançado pela Direita a quem continuaria a convir ter Seguro na liderança socialista), uma possibilidade que Seguro não enjeita: “António Costa, António Vitorino…há vários nomes"
fonte: expresso digital