Terça-feira, 27 de Maio de 2014
POR RAQUEL ABECASSIS
É o "timing" ideal e estão reunidas as condições. António Costa sabe-o e sabe também que é agora ou nunca.
O país deu-lhe o recado de que está à espera de uma alternativa credível. Os magríssimos 31,47% de votos com que o PS conseguiu ganhar as europeias são uma vitória à tangente que, juntamente com a derrota histórica da coligação, provam que os portugueses não gostam do que está, mas também não reconhecem uma alternativa no partido liderado por António José Seguro, por isso, muitos dos que se deram ao trabalho de ir votar, preferiram votar em Marinho Pinto.
Os destroços deixados pela última tentativa de conquistar a liderança pesam demais nos ombros de António Costa, para que o anúncio das últimas horas possa ter recuo.
Os procedimentos burocráticos para abrir uma corrida à liderança não serão fáceis neste momento, mas a lógica dos partidos é a de quererem chegar ao poder e os socialistas sabem que esse caminho será mais fácil com Costa do que com Antonio José Seguro, tal como em 2004 foi mais fácil com Sócrates do que com Ferro Rodrigues, que, apesar de tudo, vinha de uma vitória histórica nas europeias, 44,5%.
Pedro Santana Lopes tornou célebre uma frase que uma vez proferiu num congresso do PSD, dizendo que estava escrito nas estrelas que um dia se haveria de confrontar com Durão Barroso e assim aconteceu.
Os socialistas não têm esta tradição de dramatizar os congressos, caso contrário o mesmo poderia ter sido dito no último congresso do PS: estava escrito nas estrelas que António Costa acabaria por se confrontar com António José Seguro.
Não conhecemos o fim desta história, mas uma coisa é certa: depois das eleições de domingo, é bom para a saúde da nossa democracia que alguma coisa aconteça no Partido Socialista, porque deixar tudo como está é o caminho mais rápido para acabar de asfixiar a nossa já doente democracia.
fonte:rr
Sábado, 26 de Abril de 2014
O PODER E A FÉ DA IGREJA EM TEMPOS DE CRISE
No dia em que serão Santificados dois Papas, lembro de aqui escrever estas linhas, pois, a Igreja e o Cristianismo, poderão ter duas visões diferentes.
Para uns, a crença, a fé,serão todo o significado que "alimenta" os seguidores de Cristo. Contudo, para outros, mais cépticos, a Igreja para além da fé, funcionará como uma organização com poder que aproveita os tempos de crise para se salientar.
Com João XVIII e João Paulo II - e actualmente com o Papa Francisco - o Vaticano segue a linha da humildade para conquistar fiéis. Claro que, haverá sempre quem critique: por exemplo, em relação João Paulo II muitos são os que falam na sua protecção do Opus Dei, com tudo o que a prelatura pessoal do Papa fundada por Escrivá pode ter de complicado na sua organização.
Contudo, o que importará mais neste momento salientar será a fé e humildade da pessoa em si ( que para os crentes leva à Santidade) destes homens que lutaram por aquilo em que acreditaram!
SEGUNDO DURÃO BARROSO
Durão Barroso considera que os dois Papas que vão ser canonizados este domingo são duas figuras importantes na história da própria Europa.
Em entrevista à Renascença, em Roma, onde se encontra para representar a Comissão Europeia na cerimónia de canonização, Durão Barroso lembrou as marcas que João XXIII e João Paulo II, deixaram no velho continente.
“Estes dois Papas que vão agora ser canonizados são duas grandes personalidades da história europeia. João Paulo II está intimamente ligado à reunificação europeia, não apenas pela luta contra a ditadura comunista no seu país, mas também pelo apoio que sempre deu à unidade da Europa. João XXIII foi também uma das grandes personalidades europeias. Não podemos esquecer que foi ele que convocou o concílio Vaticano II”, disse.
O presidente da Comissão Europeia foi entrevistado pela jornalista Aura Miguel em Roma, onde este domingo se realiza a cerimónia de canonização.
OPINIÃO DE SANTANA LOPES

1. Há muitas páginas escritas sobre a gestão do sucesso. Muitos textos foram já publicados sobre a dificuldade dessa tarefa. Portugal regressou aos mercados esta quarta-feira, 23 de Abril de 2014. E fê-lo, importa sublinhar, com uma taxa de juro que se equipara à conseguida pela Irlanda aquando da saída do respetivo programa de ajuda externa. Tem de ser lembrado que há poucos meses quase ninguém acreditava que isto pudesse acontecer. Quando o ministro Rui Machete falou, em Novembro do ano passado, numa sonhada taxa de juro de 4,5 por cento estávamos ainda bem longe dela e foi considerado como uma divagação de um ministro acusado por repetidas declarações polémicas. Gerir o sucesso é muito difícil, mas não é menos fácil os que pecam por falta de crença, retirarem lições dos defeitos e das consequências do seu pessimismo atávico. As sociedades constroem-se com realismo e o Governo das nações dispensa ilusões. Mas é o realismo que é aconselhado e nem otimismo excessivo nem pessimismo entranhado levam a bom porto. Nestas horas mais recentes nada mais resta aos opositores do que tentar descobrir causas externas para o sucesso alcançado. 2. Quando regressei no passado domingo, após uns dias ausente do País, deparei-me com a nova onda de ataques ao primeiro-ministro, a propósito de uma entrevista televisiva. Um comentador da área da maioria falou em grande desilusão e um colunista da oposição falou expressamente num primeiro-ministro impreparado. Confesso que não vi a referida entrevista, mas tive a ocasião de ouvir boa parte do debate quinzenal, também esta quarta-feira, no Parlamento. E manda a verdade dizer que podem ser feitas muitas análises, comentários e críticas sobre a maneira de ser e de governar de Pedro Passos Coelho. Mas, estou certo de que os portugueses não estão de acordo com essa ideia, que alguns, de quando em vez, tentam passar sobre os excessos do Governo. Ouvindo Pedro Passos Coelho, mas seguindo também a lógica da sua argumentação, é fácil constatar exatamente o contrário: ele está muito bem preparado, conhece muito bem os dossiês e não fica atrás de ninguém, pelo contrário, em qualquer debate sobre as matérias da governação. Toma decisões erradas? Seguramente. Peca por algumas omissões? Certamente. Já teve um ou outro engano? Provavelmente. Mas, se assim não fosse, haveria alguma coisa de errado, tínhamos chegado à conclusão de que não pertenceria ao mundo dos humanos. Já aqui falei em artigo anterior sobre as tentativas de menorização que foram dirigidas no passado ao próprio primeiro-ministro, a certa altura a Vítor Gaspar, e depois à atual ministra das Finanças. Todas se vieram a revelar desajustadas. E o tempo tem demonstrado que não é por aí que os opositores podem ter sucesso. 3. Se querem ter sucesso, de facto, têm de mostrar que têm melhores políticas, melhores soluções, melhores propostas para os desafios da sociedade portuguesa. Se algo se espera dos partidos que se consideram de esquerda, é que sejam especialmente interventivos, imaginativos, criativos em matéria de políticas sociais. Os tempos que vivemos, eu disse e repito-o, exigem a construção de um Estado diferente, um Estado solidário no lugar do antigo Estado social. Não existem modelos sociais ou económicos perfeitos ou eternos. O papel que o Estado desempenhou nas últimas décadas na área civilizacional em que nos inserimos também, por definição, não duraria para sempre. Com as novas realidades económicas, com os novos termos de competição à escala global, com as novas tecnologias, era forçoso que o Estado tivesse de entrar num novo ciclo. E assim vai acontecer. Ora, oiço falar muito pouco disso, quer à direita quer à esquerda. 4. A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) e a União das Misericórdias Portuguesas (UMP) assinaram, também esta quarta-feira, um acordo que vários dos presentes consideraram histórico. Trata-se, ao fim e ao cabo, de um passo que pretende desbravar caminho no sentido de construir as tais novas respostas para as novas realidades sociais, nomeadamente, as do envelhecimento da sociedade portuguesa, das restrições do Serviço Nacional de Saúde e da cada vez maior procura de Cuidados Continuados e Paliativos. Muitas vezes o sucesso de novas políticas depende, principalmente, da capacidade de descobrir as adequadas formas de organização das instituições existentes. Neste tempo, em que a sociedade chama de novo a um papel mais ativo as Misericórdias e as Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) em geral, não podem também estas entidades trabalhar no quadro em que o faziam anteriormente. Há muita matéria, a este propósito, que está em cima da mesa para decisões a vários níveis. Tive ocasião de falar nessa cerimónia nas contradições que, por vezes, existem entre a convicção e a circunstância. Acontece, na verdade, que, por vezes, sentimos o dever de uma atitude, mas sentimos também que ela pode não ser devidamente compreendida e aceite por outros. A opção a tomar deve ser em função dos valores que estão em causa e quando o estão as necessidades dos mais desfavorecidos ou dependentes. A escolha tem de ser de encontrar a coragem para rasgar horizontes. Ao fim ao cabo é isso que se espera também no sistema político em geral, que em vez de se tentar menorizar os adversários, se procure valorizar o trabalho na procura de caminhos que levem a sociedade portuguesa a consolidar a via do crescimento económico, descobrindo ao mesmo tempo as rotas de construção do novo tipo de Estado, o Estado solidário.
FONTE: Jornal de Negócios
Terça-feira, 22 de Abril de 2014
SUICÍDIO DE PASSOS? QUAL SUICÍDIO?
O Professor Marcelo Rebelo de Sousa, veio no seu comentário semanal alegar o "suicídio" do Primeiro Ministro no pós 2015. Fosse esse os verdadeiros "suicídios".
Suicídio é hoje em dia, haver certo trabalho, mas que as pessoas não podem pagar- ou seja vai para o tecto - e quem traabalha vê -se obrigado a pedir emprestado para manter família. E lá vêm as consequências....
fica -se com fama daquilo que não se é: não cumpridor.
Tendo -se vergonha na cara, aí sim Professor Marcelo.... ou isto muda e a ecómia "mexe".... ou haverá muito suicídio... daqueles que têm vergonha na cara!
Quarta-feira, 16 de Abril de 2014
DURÃO BARROSO SEGUNDO JOSÉ ANTÓNIO SARAIVA

Numa manhã de Junho de 2004 recebi uma chamada telefónica de Durão Barroso.
Disse-me que Jacques Chirac, o Presidente francês, acabava de lhe comunicar o seu apoio para presidente da Comissão Europeia - e esse apoio, somado aos incentivos para avançar que tinha recebido de outros chefes de Governo, garantia-lhe a escolha para o cargo.
Eu era das primeiras pessoas a quem ele falava depois do telefonema de Chirac - e queria saber a minha opinião.
Disse-lhe espontaneamente que deveria aceitar. «Esse é um cavalo que não passa duas vezes à mesma porta» - comentei.
Contrapôs-me que não podia pensar só nos seus interesses, porque acima de tudo estava o interesse do país.
E adiantou que iriam acusá-lo de fugir às responsabilidades e à crise aqui em Portugal.
Respondi-lhe qualquer coisa como: «Nos cá nos arranjaremos. Mas muito dificilmente haverá nova oportunidade de um português ser presidente da Comissão Europeia».
Nunca pensei que a sua decisão de aceitar o lugar provocasse tantas reacções negativas em Portugal.
Não previ que o acusassem tanto de ter «fugido» - pois, de facto, não fugiu a nada: foi convidado para um cargo notoriamente mais importante e aceitou.
Julguei, também, que o nacionalismo falasse mais alto.
Em geral, nós orgulhamo-nos do sucesso dos portugueses no estrangeiro - seja de António Damásio ou de José Mourinho.
Mas com Durão Barroso sucedeu o contrário.
Uma das primeiras vozes a atacá-lo foi Mário Soares - que falhara a eleição para presidente do Parlamento Europeu, derrotado pela francesa Nicole Fontaine, e não lidou bem com o sucesso de Barroso.
Mas aqui tratava-se claramente de despeito: depois de um insucesso internacional, Soares tinha dificuldade em aceitar que Barroso fosse escolhido para desempenhar um cargo europeu, ainda por cima muito mais importante.
Mas, se a reacção de Soares podia ser levada à conta de uma questão pessoal, atrás dele vieram outros socialistas engrossar o coro.
Não tardou muito para começarem a dizer que faltava liderança à Europa, que não havia grandes figuras, que Merkel punha e dispunha, etc. - o que, mesmo quando o nome de Barroso não era referido, comportava uma crítica implícita ao seu desempenho.
Queriam talvez que ele partisse a louça, que cortasse relações com a 'senhora Merkel' e desse o grito do Ipiranga, liderando uma revolta com origem no Berlaymont.
Era a eterna incapacidade dos socialistas para avaliarem a realidade, caminhando invariavelmente de ilusão em ilusão.
Diga-se em abono da verdade que nem só os socialistas o atacaram.
Destacados militantes do seu partido, como Santana Lopes ou Marcelo Rebelo de Sousa - este mais sibilinamente -, foram-lhe sempre lançando uns dardos envenenados, na expectativa de que poderiam vir um dia a enfrentá-lo.
Agora, é Sócrates que vem falar de um «mandato medíocre» de Barroso na Comissão Europeia.
Será mesmo?
Esta crítica segue-se a uma entrevista em que Barroso disse o que não devia, pondo-se a comentar a política interna portuguesa.
Não faz qualquer sentido, de facto, um alto funcionário europeu emitir juízos de valor sobre questões internas de um Estado-membro.
Ao falar de Sócrates, de Manuela Ferreira Leite, de Bagão Félix, de Constâncio, Durão Barroso pisou o risco.
Isso não legitima, porém, um ataque de sentido oposto, ou seja, ao seu trabalho à frente da Comissão.
Mas como foi, então, o mandato de Barroso em Bruxelas?
Primeiro, convém precisar que não foi 'um mandato' mas sim dois: depois do 'super-Delors', Durão Barroso é o primeiro presidente da Comissão Europeia a cumprir dois mandatos.
E isso quer logo dizer alguma coisa.
Outros só fizeram um mandato ou nem sequer o completaram…
Depois, Durão desempenhou o cargo em circunstâncias dificílimas, num tempo de problemas financeiros e sociais sem precedentes na Europa comunitária, com Grécia, Chipre, Portugal, Irlanda, Itália e Espanha a enfrentarem crises tremendas e com o eixo Paris-Berlim a fazer uma enorme pressão para se impor.
E neste período assistiu-se, ainda, ao despertar da Rússia.
Ora, com tudo isto a acontecer, muita boa gente previu que a União Europeia fosse implodir ou pelo menos se dividisse entre Norte e Sul, que o euro rebentasse, que Portugal e a Grécia tivessem de sair, etc.
Mas nada disto aconteceu.
No momento em que Durão Barroso deixa o cargo, a Europa apesar de tudo continua unida, o euro resistiu e permanece forte, e - last but not least - a Comissão fez um trabalho limpo, sem escândalos a manchá-lo.
Muitos dos que falam destes assuntos não fazem a mais pequena ideia do que significa o esforço de coordenação política de 28 Estados, muitas vezes com interesses divergentes, com objectivos contraditórios e com eleitorados nacionais a pressionarem os governantes num sentido não europeísta.
É um trabalho homérico, do qual Barroso saiu por cima, respeitado pelos seus pares.
As críticas a Durão Barroso dizem muito sobre aquilo que somos.
Por um lado, somos politicamente fanáticos: a esquerda, pelo simples facto de o ser, tinha de atacar Barroso.
Por outro lado, somos incorrigivelmente invejosos, como já notava Camões.
Ao longo dos últimos 10 anos, todos os pretextos foram bons para desvalorizar a sua função e o seu trabalho.
E isto é deveras original.
Se o presidente da Comissão Europeia fosse um espanhol, seria normal haver tantos espanhóis a atacarem-no, inclusivamente um ex-chefe do Governo?
Na maior parte dos países, a solidariedade nacional funciona.
Em Portugal, a politiquice e a inveja falam mais alto.
Domingo, 6 de Abril de 2014
POR CARLOS ABREU AMORIM
"Ao observar o desenrolar da crise financeira [2007/2008] compreendi que (...) apenas um punhado de pessoas sabia alguma coisa de jeito sobre a última Depressão. Durante os últimos 30 anos incutiram aos jovens das escolas e universidades ocidentais a ideia de uma educação liberal [no sentido anglo-saxónico] sem a substância do conhecimento histórico. Ensinaram-lhes 'módulos' isolados, não lhes ensinaram narrativas e muito menos cronologias. Foram treinados na análise de excertos documentais e não na competência-chave de ler muito, de forma generalista e depressa."
Niall Ferguson, Civilização, o Ocidente e os Outros.
Sexta-feira, 28 de Março de 2014
NATALIDADE
Hoje nos jornais e rádios, não sei porque motivo, a notícia é o "façam" filhos... desde anúncios dinamarqueses e horários de creches portuguesas que têem que ser alteradas...
Poiis bem, é muito bonito o falar -se deste tema, mas, o problema é mais vasto: desde logo, como é que, com tanta austeridade, as famílias poderão ter mais filhos? Assiste -se todos os dias, a pais que deixam pura e simplesmente de faer as suas refeições para poder alimentar os descendentes. Antes de se falar em natalidade, terá de se deixar de falar em austeridade e falar -se em prosperidade... sabe -se lá para quando...
Segunda-feira, 24 de Março de 2014
SEGUNDO MEDINA CARREIRA
Para o ex-ministro das Finanças, “vêm aí mais cortes na despesa e a agenda ‘escondida’ não está propriamente escondida. Há três anos que podemos fazer as contas e ainda temos muito que cortar para chegar aos 2 mil milhões e para cumprir o acordo que fizemos”.
“Para chegar onde devemos chegar, ou seja, a um défice de dois e meio, temos de abater mais de três mil milhões de euros por ano. Já se abateu muito mas ainda tem que se cortar mais. Está longe de estar satisfatório”, afirmou o comentador.
Na opinião de Medina Carreira, “em três ou quatro anos não é possível chegar ao défice que queremos, com a economia que temos. Para isso, ou se aumentam os impostos, que já estão no limite, ou se corta. As pessoas não podem estar surpreendidas porque os cortes são a única solução para conseguirmos cumprir o acordo que fizemos”.
“O que acho surpreendente é haver políticos responsáveis a pensarem que não havia nada a cortar, é evidente que ainda vão cortar mais. Dor social todos temos, mas temos que cumprir o acordo que fizemos. Caso contrário, não temos como pagar o resto”, afirmou.
Medina Carreira comentou também a posição de Cavaco Silva e, na sua opinião, “o Presidente da República está demasiado otimista quando fala em mais 20 anos de ‘apertar o cinto’. O nosso problema era bancário, não era orçamental, e não podemos olhar, por exemplo, para a Irlanda, que tem uma economia diferente e que tem exportações em 100%. Nós somos um país onde nem o primeiro-ministro e o líder da oposição conseguem chegar a um acordo”.
FONTE: Noticias ao Minuto
Domingo, 9 de Março de 2014
DANIEL TREISMAN E A CRIMEIA
Editor's note: Daniel Treisman is a professor of political science at the University of California, Los Angeles, and author of "The Return: Russia's Journey from Gorbachev to Medvedev."
(CNN) -- President Putin's endgame in Crimea is now clear -- and the West has only a few days to act.
On Thursday, the Crimean parliament voted 78-0 to hold a referendum on March 16. The main question will ask whether voters want the region to secede from Ukraine and become part of Russia. Previously, a referendum had been scheduled for March 30 on the less politically charged question of whether Crimea should have greater autonomy within Ukraine.
If, as expected, a majority endorses secession, the story will change overnight from one about Russia's unprovoked military invasion to one about a minority's right to self-determination. That is the Kremlin's plan.
Daniel Treisman
Daniel Treisman
European leaders, already having trouble agreeing on a response to naked aggression, will find it much harder to oppose the popular will of the Crimean people. At that point, risky actions to force Crimea back into Ukraine will become difficult for Western politicians to explain to their own domestic voters.
The legal status of the planned referendum is more than murky. Ukrainian acting president Oleksandr Turchynov has called it a "farce" and a "crime against the nation." But, for democratic politicians -- and the societies they represent -- going against a majority vote is never easy.
If Russia can change the subject in this way, Crimean secession will become an established fact. Putin, who assured journalists on Tuesday that Russia did not mean to annex Crimea, will then be able to claim that he was "forced to yield to the will of the people."
A people who died but would not die out 'Best case Ukraine can hope for is ... '
With just a few days to turn the situation around, temporizing needs to stop. Allowing Russia "more time" at this point, as some European leaders have proposed, is exactly what the West should not do. That Russia's Crimean clients have moved the referendum date forward suggests nervousness in Moscow -- and a recognition that time is of the essence.
In the remaining time before March 16, the West must convince both the Kremlin-connected Russian elite and the population of Crimea that the region's secession to Russia would be a mistake. Direct threats are counterproductive, but clearly and calmly articulating the consequences of such a move can produce results.
First, all the European Union states plus the United States should make absolutely clear that they will not recognize the results of a referendum held while armed bands of "self-defense forces" roam Crimea. Any decision to secede that results from such a referendum will be considered illegitimate.
To increase Moscow's isolation, it is worth exploring whether a large majority would support a resolution in the United Nations General Assembly -- of course, Russia would veto in the Security Council -- reasserting the inviolability of borders in this case.
Second, the EU and U.S. should announce that economic relations would be frozen between the West and a Crimea in legal limbo following secession. In part, this freeze would be enforced by the markets themselves.
Crimea's tourism industry would have to forget about attracting Western visitors to the region's beaches. International investors would demand huge risk premiums. But Western restrictions on investment and trade with Crimea could amplify the effect. The region's agricultural produce could be banned from European and Ukrainian markets.
Crimeans must be helped to understand the choice they face: between becoming another Abkhazia -- a failed statelet on intravenous drip from Moscow -- or a flourishing region within the new, broader Europe. The EU should quickly earmark some portion of the 11 billion euros already promised to Ukraine for projects to develop Crimea's economy if it remains Ukrainian.
Third, the United States should work out a set of restrictions to place on Russian banks and corporations that do business in a Crimea that has illegally seceded. As economist Anders Aslund has pointed out, existing rules against money laundering could be enforced more rigorously against various Russian entities.
All of this needs to be done rapidly. While Washington has reacted quickly as the crisis unfolded, the EU has suffered from its chronic lack of central decision-making authority. The next few days constitute a test.
If Brussels cannot forge a strong, common position in time, then management of future crises will simply revert to the foreign ministries of Germany, France, and Britain, with the EU's foreign policy role narrowed to coordinating long-term policies.
While spelling out the costs that threaten the Crimean population and the Russian political elite, Western leaders must continue to devise "off-ramps" to outcomes that Putin could conceivably accept, but that, nevertheless, will not be seen as rewarding aggression.
The West can call for a significant increase in Crimea's political autonomy within Ukraine, negotiated with Kiev. U.S. and European leaders should also speak out far more audibly in favor of minority language and cultural rights. They should have responded with outrage when the Rada, Ukraine's parliament, canceled the status of Russian as an official language and should now praise the promised veto of this law.
It may still be possible to prevent the illegal annexation of Crimea. Putin is sensitive to the danger of splits within his political elite. The West must show him that he has underestimated the extent of political isolation and economic disruption that annexation would cause. It must work on winning the hearts and minds of the Crimean population. The clock is ticking.
Sábado, 8 de Fevereiro de 2014
A OPINIÃO DE BAGÃO FÉLIX
O antigo ministro das Finanças, Bagão Félix, afirma em entrevista ao jornal i, publicada este sábado, que “o Governo nunca explica as medidas que toma”, além de que, “gosta de insistir no erro relativamente ao Tribunal Constitucional” e tende “a mudar apenas o papel de embrulho” porque “as medidas são as mesmas”. Para o Executivo, refere ainda o economista, “tudo é matemática orçamental, as pessoas não contam”.
Sexta-feira, 7 de Fevereiro de 2014
O MUNDO QUE NOS MOVE
Ando a ler o livro "Rua Árabe" de Nuno Rogeiro, e automaticamente pensei no conflito Henrique Monteiro/ Pedro Abrunhosa.
O Mundo não "vive " nem em democracias nem anarquias ideais!
Antes o fosse!
Quer num lado ou de outro, existirá sempre dois lados: o de quem quer dirigir e bem os destinos da sua Nação, e, de quem se aproveite da situação. A Democracia, desde que existe, sempre teve quem lutasse por ela como Ideal e quem se aproveitasse da mesma.... Com a anarquia igualmente. Assim, pergunto a Pedro Abrunhosa: já viu se todos cantassem as suas músicas sem respeitar os Direitos de Autor? A Henrique Monteiro: se existisse a Democracia pura ideológica seria verdadeira Democracia?
Em todos os ideais existe o "reverso da medalha" sejam eles quais forem...
A máfia, a "cisa nostra" não iria existir certamente... por desnecessária, ...assim como todos os conflitos do Mundo Árabe.
Quinta-feira, 6 de Fevereiro de 2014
CARLOS ABREU AMORIM: SINAIS POSITIVOS

Alguns sinais positivos de Dezembro:
- Produção Industrial - A produção industrial portuguesa acelerou 7,2% em Dezembro, face ao período homólogo, superior em 3,8 pontos percentuais à taxa observada no mês anterior (3,1%, em Novembro).
- Desemprego - registaram-se em Dezembro menos 109 mil desempregados que no mês homólogo. A taxa actual é de 15,4%, ainda elevada mas bastante longe dos agoiros repetidos incessantemente por tantos supostos "especialistas" e pelas vozes da Oposição (assumida ou mal disfarçada).
- O indicador para a Economia Portuguesa da OCDE está há 18 meses consecutivos a subir, apontando para uma melhoria da conjuntura económica portuguesa.
- Portugal apresentou, pela primeira vez, em pelo menos duas décadas, um saldo externo positivo.
- Os indicadores de clima económico e da confiança dos consumidores estão a melhorar, mês após mês, atingindo níveis máximos desde há, pelo menos, 3 anos.
- Não se criavam tantas empresas em Portugal desde 2009.
Estes e outros indicadores formam uma tendência incontornável. São factos e não promessas. Mostram que Portugal está a recuperar da crise, que os terríveis sacrifícios (que os erros do passado motivaram) estão a valer a pena e que podemos, todos, ter esperança no futuro.
Sábado, 25 de Janeiro de 2014
AS PRAXES SEGUNDO PACHECO PEREIRA: A OPINIÃO QUE DIZ TUDO!
É-me pessoalmente repugnante o espectáculo que se pode ver nas imediações das escolas universitárias e um pouco por todo o lado nas cidades que têm população escolar, de cortejos de jovens pastoreados por um ou dois mais velhos, vestidos de padres, ou seja, de “traje académico”, em posturas de submissão, ou fazendo todo o género de humilhações em público, não se sabe muito bem em nome de quê.
Há índios com pinturas de guerra, meninas a arrastarem-se pelo chão, gente vestida de orelhas de burro, prostrações, derrame de líquidos obscuros pela cabeça abaixo, e uma miríade de signos sexuais, e gestos de carácter escatológico ou coprológico, que mostram bem a fixação dos rituais da praxe numa idade erótica que o dr. Freud descreveu muito bem.
Talvez pelas alegrias de ser vexado, o objectivo do coma alcoólico é muito desejado e o mais depressa possível. De um modo geral está quase tudo em adiantado estado de embriaguez, arrastando-se ao fim do dia pelos sítios mais improváveis, bebendo aquelas bebidas como os shots que são o atestado de que não se sabe beber, um álcool forte seja ele qual for, absinto, vodka ou cachaça e um licor ou sumo ultradoce para ajudar a engolir. Os nomes dos shots, do popular “esperma” ao “orgasmo”, passando pelo B-52, “bomba atómica”, "vulcão”, “bomba”, “Singapura”, “broche”, “inferno”, “chupa no grelo”, "Kalashnikov”, “levanta-mortos” ao “vácuo” (muito apropriado), fazem parte da cultura estudantil da Queima e da praxe. Por cima disso tudo, hectolitros de cerveja, a bebida que o nosso diligente ministro da Economia conseguiu retirar da proibição de servir bebidas alcoólicas a menores, um exemplo do que valem as ligações políticas de um gestor no seu sucesso como empreendedor.
A praxe mata, já tem matado, violado e agredido, enquanto todos fecham os olhos, autoridades académicas, autoridades, pais, famílias e outros jovens que aceitam participar na mesma abjecção. Já nem sequer é preciso saber se os jovens que morreram na praia do Meco morreram nalguma patetice da praxe, tanto mais que parece terem andado a seguir uma colher de pau gigante, fazendo várias momices, uma das quais pode ter-lhes custado a vida. Eu escreveria, como já escrevi noutras alturas, o mesmo, houvesse ou não houvesse o caso do Meco. (Aliás, é absurdo e insultuoso para a dignidade de quem morreu o espectáculo de filmes de telemóvel e entrevistas que as televisões têm passado, mas isso é outro rosário, da nossa estupidificação colectiva…)
Tenho contra a praxe todos os preconceitos, chamemos-lhe assim, para não estar a perder tempo, da minha geração. A praxe quando estava na faculdade era vista como uma coisa de Coimbra, um pouco antiquada e parola, de que, felizmente, no Porto e em Lisboa não havia tradição. No Porto, onde estudava, havia um cortejo da Queima das Fitas e a percentagem de estudantes vestidos de padres com capa e batina aumentava por uma semana, mas durante o ano era raro ver tal vestimenta. A situação era variável de escola para escola, mas a participação em actividades ligadas com a praxe era quase nula. Aliás, qualquer ideia de andar a “praxar” os estudantes do primeiro ano era tão exótica como a aparição de um disco voador na Praça dos Leões. Infelizmente muitos anos depois, apareceu uma verdadeira flotilha. Em Lisboa, muito menos, nada. Depois, outro enxame de discos voadores com padres de capa e batina.
Quando se deu a crise em Coimbra em 1969, a contestação à praxe acentuou-se, embora algumas “autoridades” da praxe, como o dux veteranorum, tenham apoiado a luta estudantil. Se em Coimbra a Queima das Fitas foi contestada, porque violava o “luto académico”, no Porto, as tentativas de a manter acabaram em cenas de pancadaria com grelados e fitados até que progressivamente desaparecerem do mapa. Tornava-se então evidente que o nascente conflito sobre a Queima no Porto se tinha tornado politizado entre uma universidade que as autoridades da ditadura cada vez menos controlavam e a tentativa de encontrar, por via da praxe, uma forma de resistência ao movimento associativo e estudantil. As últimas lutas mais importantes no Porto, como a contestação do Festival dos Coros, com as suas prisões em massa, tinham colocado as praxes e a Queima das Fitas do lado do regime e provocaram um longo ocaso das suas manifestações. Até um dia.
Eu participei nessas escaramuças políticas, mas também culturais, e escrevi alguns panfletos, incluindo um, Queimar a Queima, que circulou pelas três universidades em várias versões e edições. Mas, na luta contra a praxe, tornava-se cada vez mais evidente já nessa altura que estava em causa não apenas a conjuntura desses anos de brasa estudantis, mas também uma recusa da visão lúdica e irresponsável da juventude, e que, se se tratava de um rito de passagem, era para a disciplina da ordem e da apatia política. Rallies, touradas, bailes de gala, beija-mão ao bispo na bênção das pastas – tudo acompanhado pelas autoridades académicas muito contentes com a “irreverência” dos “seus” jovens, quando ela se manifestava naquelas formas – eram muito mais uma introdução à disciplina do que o despertar de qualquer consciência crítica. No fundo, o que se pretendia era que houvesse uma “explosão” de inanidades, a que depois se seguiria a disciplina da vida adulta, casamento, emprego, família e filhos, ordem social e hierarquia.
Ao institucionalizar a obediência aos mais absurdos comandos, a humilhação dos caloiros perante os veteranos, a promessa era a do exercício futuro do mesmo poder de vexame, mostrando como o único conteúdo da praxe é o da ordem e do respeito pela ordem, assente na hierarquia do ano do curso. Mas quem respeita uma hierarquia ao ponto da abjecção está a fazer o tirocínio para respeitar todas as hierarquias. Se fores obediente e lamberes o chão, podes vir a mandar, quando for a tua vez, e, nessa altura, podes escolher um chão ainda mais sujo, do alto da tua colher de pau. És humilhado, mas depois vingas-te.
Nos dias de hoje continua para mim evidente o papel deste tipo de rituais na consolidação de uma vida essencialmente amorfa e conservadora, desprovida de solidariedade e intervenção social e política, subordinada a todos egoísmos e disponível para todas as manipulações. Aliás, a evidente ausência do movimento associativo estudantil da conflitualidade dos dias de hoje e a fácil proliferação das “jotas” nessas estruturas, tanto mais eficaz quanto diminui a participação dos estudantes em qualquer actividade que não seja lúdica (numa recente eleição na Universidade do Porto para um universo de 32000 estudantes participaram 2000, em contraste com uma muito maior mobilização dos professores num processo eleitoral do mesmo tipo), acompanham a generalização da submissão à praxe. De facto, a praxe mata, às vezes o corpo, mas sempre a cabeça.
Quarta-feira, 22 de Janeiro de 2014
MULHERES DE OVÁRIOS
Embora sem autorização, atrevo -me a escrever sobre aquilo que designo de " mulheres de ovários" na política. ... e Vilar de Andorinho/Vila Nova de Gaia em específico!
A quem me refiro - saberá certamente: é preciso ter paciência, vontade , determinação ... e coragem....
Coragem de dar a cara....
Coragem de defender uma "camisola" até aos limites.
Não pensem que é fácil saber dialogar com "todos" e dar a cara por uma causa. Concorrendo sempre, nunca desistindo pela sua freguesia , demonstra o que é ser a base de um partido político.... só assim sobrevive a política, neste Mundo cão!
Luta por uma ideologia em que acredita (assim como seus familiares). Quantos estarão dispostos a dar a cara por "Amor à Camisola?"
Fica a questão....
PS: podem -me expulsar do PSD
GOMES FERREIRA

Em breve, os contribuintes portugueses que já são accionistas involuntários de quase 60 por cento da banca nacional, poderão tornar-se donos de ainda mais alguns bancos. A limpeza das contas do sector não está a ser feita com a rapidez e a qualidade que se impunha. Pelo contrário, algumas das instituições estão a esconder as perdas no sector da construção e imobiliário com soluções muito criativas.
Um terreno na zona de Mafra/Ericeira foi recentemente comprado por um banco português, por cerca de um milhão de euros. Pareceria um negócio normal, não fosse o facto de o terreno em causa não ser urbanizável ou utilizável para qualquer fim de industria ou comércio. Fonte ligada ao mesmo banco garante-me que o terreno em causa vale apenas 20 mil euros.
Pergunta – O que é que leva um banco português a dar um milhão de euros por um terreno que vale apenas 20 mil euros, perdendo aparentemente 980 mil euros com o negócio?
Numa urbanização de luxo, num condomínio também de luxo, a poucos quilómetros a noroeste de Lisboa, existem dois conjuntos de prédios praticamente vazios. Durante mais de 5 anos, o promotor conseguiu vender apenas dois ou três apartamentos. À partida poderia supor-se que os preços dos apartamentos colocados no mercado iriam baixar. Não baixaram. O preço de cada um acaba de aumentar em 20 mil euros.
Pergunta – Que razão existe para dezenas de apartamentos de uma urbanização de luxo terem aumentado de preço nas ultimas semanas, quando não se consegue vender nenhum?
A explicação, para os dois casos, é simples.
Há poucos meses, o Banco de Portugal ameaçou impor unilateralmente o reconhecimento de imparidades aos bancos que teimavam em não resolver o problema dos créditos de risco a empresas de imobiliário e construção. A ameaça feita pela equipa de Carlos Costa era de tal forma determinada que o Banco de Portugal admitia mesmo impor perdas até 70 por cento no valor dos activos constituídos pelos créditos concedidos aquelas empresas.
Após a ameaça, o banco financiador da empresa de construção que tinha integrado no seu património o terreno de Mafra pediu a liquidação da empresa. Mas como sabia que a empresa não tinha meios nem património para pagar a dívida, a administração ordenou que o próprio banco se apresentasse na venda do activo em execução. E o valor que o comprador quis pagar foi – um milhão de euros por um terreno que vale 20 mil euros! Para que a empresa em liquidação entregue esse dinheiro ao banco credor, que o recebe de volta e de caminho fica com um terreno avaliado em milhão de euros a favorecer o seu balanço. Um bem que, como vimos vale apenas 20 mil euros, mas desta forma o banco não tem de reconhecer a perda de 980 mil euros com a falência da empresa. A mesma fonte garante-me que este banco está a usar o expediente em larga escala, em muitos outros casos, no valor de muitas dezenas ou até centenas de milhões de euros.
Também depois da decisão do Banco de Portugal, o banco credor do promotor dos prédios na urbanização de luxo a Noroeste de Lisboa pediu a liquidação da empresa. O património acabou por passar para o banco credor. A fonte que me contou a história não sabia qual o valor da compra ou recepção do património pelo banco, mas o facto de os apartamentos estarem à venda por um valor superior ao que era há pouco tempo, é um indício claro da mesma prática referida no caso anterior: o banco sabe que não vai conseguir vender os apartamentos, mas já conseguiu o que queria: contabiliza-los nos seus livros a um valor elevado. Se tivesse de os vender por um valor mais baixo, as contas não bateriam certo.
Os banqueiros que usam estes expedientes estão a contar com uma eventual reanimação do mercado imobiliário na sequência da retoma a economia, de forma a que os activos que têm um valor real muito inferior ao contabilizado acabem por subir de preço. Mas uma recuperação do imobiliário que cubra a diferença teria de resultar de um crescimento do PIB de forma exponencial nos próximos anos. O que todos sabemos que não vai acontecer.
Este ano vem aí mais um conjunto de testes de stress para a banca europeia, incluindo a banca portuguesa. Este fim de semana, um estudo independente dava conta de que, em toda a zona euro, os bancos iriam precisar de mais de 700 mil milhões de euros para recapitalização se fossem reconhecidas as verdadeiras perdas. Em Portugal, este valor poderia ultrapassar os 11 mil milhões de euros.
Com os expedientes referidos, os banqueiros portugueses podem evitar os rigores dos testes de stress porque sabem que, por mais rigorosos que sejam, não será possível avaliar, um a um, todos os imóveis que estão contabilizados nos seus balanços.
Podem enganar os examinadores.
Não será para sempre.
O tempo se encarregará de mostrar como são fracos os gestores da banca nacional que usam estes esquemas.
Na verdade, estão a enganar-se a si próprios.
FONTE: SIC NOTÍCIAS
SEGUNDO SANTOS SILVA

O que Passos Coelho fez foi uma marcelice bem-sucedida” ao “inventar do nada um tema para a malta discutir. É para a malta discutir exatamente nos dias em que a malta começa a receber”.
Grosso modo, esta é a leitura que o ex-ministro do governo de Sócrates, Augusto Santos Silva, faz das palavras constantes na moção de censura do primeiro-ministro para o congresso do PSD, que, à partida, exclui o apoio a candidatos a Belém com um perfil no qual Marcelo Rebelo de Sousa se reviu.
Aliás, o antigo líder social-democrata ‘acusou o toque’ e fez saber no passado domingo que não mais será candidato pela Direita às próximas eleições presidenciais.
“Aparentemente, no domingo passado, [Passos Coelho] terá trucidado um pré-candidato presidencial da sua área”, com o propósito de “desviar as atenções”.
Porém, concretizou Santos Silva, o chefe do Executivo e presidente do partido ‘laranja’ acabou “por criar para si próprio um problema”.
FONTE: NOTICIAS AO MINUTO
Segunda-feira, 20 de Janeiro de 2014
REBELO DE SOUSA

No habitual comentário na TVI, o ex-líder do PSD começou por explicar que a situação do País mudou. Se há cerca de um ano os indicadores económicos e financeiros eram maus, disse, e nesse momento Passos Coelho teria de tolerar certas candidaturas, agora a situação está diferente.
O primeiro-ministro defende “um perfil não-mediático, não-popular”, diz Marcelo, explicando que, como os indicadores passaram a ser positivos, “na cabeça dele, já ganhou ou pode ganhar as legislativas, embora não o diga”. Assim, “está mais à vontade para definir o Presidente ideal que quer apoiar, para o seu futuro mandato”.
“É uma decisão que parte do princípio de que corre tudo muito bem”, considerou o professor, adiantando: “Eu não me comprometia, não excluía nem incluía ninguém.”
Para o comentador, o primeiro-ministro quis excluí-lo, o que “é perfeitamente legítimo”, dizendo até que não foi uma surpresa. No entanto, frisou que, embora tenha dito, há quatro meses, que a sua candidatura poderia acontecer se houvesse um dever de consciência da sua parte, agora não faz sentido.
“Se o líder diz que é indesejável, uma pessoa de bom senso, a menos que queira fazer um exercício de vingança ou um exercício lúdico, não vai dividir o eleitorado pondo a vitória mais fácil ao candidato do outro lado", salientou Rebelo de Sousa, avançando desta forma que não será candidato à presidência da República.
FONTE: noticias ao minuto
Sábado, 18 de Janeiro de 2014
CO-ADOPÇÃO: CARLOS ABREU AMORIM

Esclarecimento:
- Ao contrário do que vem sendo afirmado, a decisão do Grupo Parlamentar do PSD de votar favoravelmente a proposta de referendo sobre a coadocão de casais do mesmo sexo não foi "imposta" aos deputados - foram os próprios deputados do PSD que decidiram o sentido de voto e a sua disciplina. Fizeram-no ontem ao fim da tarde em reunião, através de votação livre com um resultado esmagador e após um debate muito participado.
Aqui não há Directórios nem Comité Central a impor decisões em matérias de consciência...
Sexta-feira, 10 de Janeiro de 2014
PANTEÃO SEGUNDO VASCO PULIDO VALENTE - UM ARTIGO NO JORNAL PÚBLICO A TER EM CONTA
O Panteão moderno, como quase tudo que é mau, foi inventado pela Revolução Francesa e pelas pomposas trasladações do pintor David. Mas, planeado para celebrar os deuses do novo renascimento da humanidade, o Panteão começou logo a dar sarilhos. Voltaire, o primeiro que lá entrou, conseguiu uma certa unanimidade. Mas Mirabeau, o segundo, acabou por ser rapidamente retirado, quando se descobriu que trabalhava para a Corte, e recebia dinheiro por isso. Para o substituir, os Jacobinos escolheram Marat, um terrorista assassinado por um virago virtuoso, Charlotte Corday. Felizmente, também este símbolo desapareceu com a fragorosa queda de Robespierre. E dali em diante, nem o Directório nem Napoleão mostraram um interesse particular em entronizar heróis. Parece que os mortos dividiam tanto como os ricos.
Como, de resto, demonstra o nosso Panteão, onde vários Governos recolheram uma extraordinária colecção para edificar a Pátria: Almeida Garrett, Amália Rodrigues, Aquilino Ribeiro, Guerra Junqueiro, Humberto Delgado, João de Deus, Manuel Arriaga, Óscar Carmona, Sidónio Paes, Teófilo Braga. Numa palavra, alguns símbolos (menores) do anticlericalismo, da Maçonaria e da República, que, ainda por cima, muitas vezes se detestavam e se guerreavam; e no meio disto Humberto Delgado, dois ditadores e uma cantora de fados, que não se percebe como acabaram numa sociedade tão esotérica e exclusiva. Se os mortos falassem, com certeza que estes mortos não se falariam.
Como se calculará, esta conversa vem a propósito do voto da Assembleia da República, que determina o depósito de Eusébio no Panteão. Contra a qual tenho quatro ou cinco objecções. Por um lado, não me cheira que Eusébio gostasse de se ver naquela companhia. Por outro, ninguém lhe pediu autorização para esse exercício de propaganda dos políticos, que ele talvez não apreciasse. E há mais. Há que Eusébio era um génio da sua profissão e de repente (tirando Garrett e Amália) o rodeiam de uma série de mediocridades, que nunca se distinguiram por terem ajudado a humanidade ou os portugueses. Sim, senhor, Eusébio merece um Panteão. Mas não aquele. Um Panteão no estádio do Benfica, ou perto dali, que as pessoas pudessem visitar sem medo de se irritar ou contaminar. Quanto ao Panteão Nacional, do que ele precisa com urgência é de um “saneamento” sucessivo, que o aproxime um pouco da realidade.
FONTE: Público