Domingo, 17 de Novembro de 2013
17 de novembro de 1957
Tinha cerca 17/18 anos no tempo da revolução de Abril. Tempo de esperança, para um novo tempo, pós ditadura. A Democracia com valores de Liberdade estava de entrada, de certo à porta. Tempo de Rui Veloso/Carlos Tê, Reininho, UHF e companhia. Novos paradigmas de sociedade se prometiam com a Revolução dos Cravos.
Porém, esta malta nascida por volta de 1957 neste momento estão desiludidos. Durante a sua juventude lutaram por um País diferente, e apesar da Democracia instalada - e a Constituição a defender os seus Valores - Portugal continua sem ter uma reforma de jeito! Em Abril de 74 estes jovens acreditavam que os seus valores iriam vingar.
Nunca o valor da Família era defendida - principalmente viam a acção da mãe como pilar fundamental: muitos versos se fizeram para elas, num paradigma do passado de sofrimento/trabalho e num futuro promissor que de repente essa geração viu com impossibilidade ser cumprido. Isto para muitos que hoje vivem. Para outros, aquilo que é impossível de combater, a morte, chegou demasiado cedo!
Mas a morte só chega para aqueles que não se lembram pois existe quem jamais esqueça. E é por um deles que escrevo este texto. Com a partida de quem falo, tudo mudou: jamais o "nosso mundo" foi o mesmo, e esteja onde estiver deverá estar revoltado por ver tanta injustiça social e familiar.
Não pôde pôr o filho ao colo como desejava, mas pelo menos teve no seu colo e nos seus braços a prima recém nascida. Para a prima, mãe, mulher e já agora sobrinha que nunca chegou a conhecer, tudo o que acho que ele diria neste dia era:

" Benvinda sejas
À grande casa solar
A este tempo finisecular
Hoje é o teu dia de estreia
Olha à volta tens a casa cheia
Há estrelas e rios na plateia
Tudo isto é teu
Aquém e além do horizonte
A brisa que afaga o amieiro
E a água na fonte
Benvinda sejas, maria
Benvinda sejas, maria
Por ti as águias velam
No cimo dos montes
E a lua rege
O orfeão das marés
À noite os poetas
Decifram os lunários
Para ver se conseguem
Descobrir quem és
Tudo isto é teu
A terra é tua serventia
Mas vais ter de lutar
Por ela e por ti em cada dia
Benvinda sejas, Maria
Benvinda sejas, Maria"

Até sempre....

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publicado por citando às 14:53
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