Um caso insólito...
Hoje, no Parlamento, em nome do GP do PSD fiz uma declaração acerca do acordo do Governo com o concessionário dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo. Contaram-me, depois, que, enquanto eu prestava declarações aos jornalistas, o pressuroso presidente da Câmara de Viana já estava escondido atrás da colunas do início do corredor.
Após ter terminado a declaração, qual não é o meu espanto quando vejo assomar o senhor a gritar "Isso não é verdade!", tentando, pateticamente, chamar a atenção dos jornalistas que já se estavam a retirar. Percebi que aquela triste figura queria provocar um escândalo e apenas lhe respondi: "Quer fazer espectáculo? O palco é seu...", e virei-lhe as costas.
Garantem-me que foi a primeira vez que uma coisa destas sucedeu no Parlamento nos dias da democracia - alguém fazer um ridículo jogo do esconde-esconde nos corredores para aparecer no fim de uma declaração política quase invectivando quem a tinha feito em vez de esperar pela sua vez de falar com a imprensa.
Gestos que definem quem os perpetra.
É bom nunca esquecer que este senhor esteve sempre calado e cúmplice enquanto todas as promessas de Sócrates sobre os Estaleiros se esboroavam. Nada disse quando o anterior Governo, já depois de o PS ter perdido as eleições mas ainda antes da posse de quem as venceu, anunciou um "plano" que despedia mais de 400 trabalhadores dos Estaleiros sem futuro e sem retorno. Agora tenta surgir no papel deslocado de justiceiro, excessivamente deslumbrado com a atenção mediática - afinal, o único motor que o faz mover.