É o "timing" ideal e estão reunidas as condições. António Costa sabe-o e sabe também que é agora ou nunca.
O país deu-lhe o recado de que está à espera de uma alternativa credível. Os magríssimos 31,47% de votos com que o PS conseguiu ganhar as europeias são uma vitória à tangente que, juntamente com a derrota histórica da coligação, provam que os portugueses não gostam do que está, mas também não reconhecem uma alternativa no partido liderado por António José Seguro, por isso, muitos dos que se deram ao trabalho de ir votar, preferiram votar em Marinho Pinto.
Os destroços deixados pela última tentativa de conquistar a liderança pesam demais nos ombros de António Costa, para que o anúncio das últimas horas possa ter recuo.
Os procedimentos burocráticos para abrir uma corrida à liderança não serão fáceis neste momento, mas a lógica dos partidos é a de quererem chegar ao poder e os socialistas sabem que esse caminho será mais fácil com Costa do que com Antonio José Seguro, tal como em 2004 foi mais fácil com Sócrates do que com Ferro Rodrigues, que, apesar de tudo, vinha de uma vitória histórica nas europeias, 44,5%.
Pedro Santana Lopes tornou célebre uma frase que uma vez proferiu num congresso do PSD, dizendo que estava escrito nas estrelas que um dia se haveria de confrontar com Durão Barroso e assim aconteceu.
Os socialistas não têm esta tradição de dramatizar os congressos, caso contrário o mesmo poderia ter sido dito no último congresso do PS: estava escrito nas estrelas que António Costa acabaria por se confrontar com António José Seguro.
Não conhecemos o fim desta história, mas uma coisa é certa: depois das eleições de domingo, é bom para a saúde da nossa democracia que alguma coisa aconteça no Partido Socialista, porque deixar tudo como está é o caminho mais rápido para acabar de asfixiar a nossa já doente democracia.
fonte:rr