Com o título ‘Não há milagres’, o escritor Miguel Sousa Tavares comenta hoje na coluna de opinião, que semanalmente assina no jornal A Bola, a actual situação do FC Porto, começando por salientar que “quando vendeu, em apenas dois anos, Hulk, Moutinho e James, a SAD do FC Porto sabia muito bem os riscos em que incorria: disso, Paulo Fonseca não tem culpa”.
O técnico dos ‘dragões’ “também não tem culpa da sua própria escolha, fruto de uma aposta pessoal e de um excesso de auto-suficiência de Pinto da Costa”, defende Sousa Tavares, considerando que “como muitos outros, também o presidente portista quis acreditar que no FC Porto qualquer treinador pode ser campeão (…) escolhendo, pela terceira vez consecutiva, um treinador sem qualquer experiência de um grande e até sem nenhuma ou quase nenhuma experiência de I Liga”.
Com estas decisões, considera o escritor e adepto do FC Porto, “Pinto da Costa poupa dinheiro (no que não deve) e acrescenta a sua lenda de visionário. Porém, não há milagres que sempre durem: com Villas-Boas, saiu-lhe a sorte grande, com Vítor Pereira a terminação, com Paulo Fonseca um bilhete em branco”.
Mas o que mais preocupa Miguel Sousa Tavares, “não é a derrota com a Académica, não são os sete pontos perdidos em três jornadas, nem a quase certa eliminação da Champions. Não, o que mais preocupa é o afastamento ou desmoralização de jovens talentos a quem os treinadores como Vítor Pereira ou Paulo Fonseca, por medo ou incompetência, não são capazes de valorizar: Atsu, Iturbe, Kevin, Quintero, etc.”.
“É a aposta num futebol pequeno, cheio de cautelas defensivas, desprovido de extremos e com números imensos de inútil posse de bola, que afasta o público dos estádios e faz do jogo de equipa um aborrecimento sem fim”, contesta o escritor, reforçando que “o FC Porto de Paulo Fonseca, de tão evidentemente mau que é, acabou por instalar um clima de guerra civil dentro do clube: de um lado os adeptos, que sabem o que é bom futebol; do outro, a sua SAD e o seu presidente, que não querem, ou não podem, perder a face, admitindo o óbvio”.
Uma vez “aqui chegados, só há uma de duas soluções”, na opinião de Sousa Tavares. “Ou Pinto da Costa engole o orgulho ferido e reconhece que se enganou na escolha do treinador e assumiu demasiados riscos vendendo jogadores que fazem a diferença, ou vai insistir na sua solução até que o próprio Paulo Fonseca lhe ofereça a demissão numa bandeja”.
“Pode ser já no próximo jogo contra o Braga, se novo desaire acontecer, ou pode demorar ainda meses, se uma ou outra vitória servir para iludir o óbvio. Se eu pudesse escolher, escolhia a solução radical e já”, revela.